Conheça os principais remédios e tratamentos em testes contra a covid-19
Pesquisadores, cientistas e profissionais da saúde no mundo todo têm focado sua energia e recursos em busca de uma reposta rápida para a pandemia causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Além do desenvolvimento de vacinas, a pesquisa global busca estabelecer tratamentos eficientes e seguros para a covid-19.
Por enquanto, não há medicamentos ou terapias aprovadas pelas autoridades médicas e sanitárias para prevenir ou tratar a covid-19 no Brasil ou em qualquer outro país. As abordagens atuais baseiam-se em controlar sintomas, prevenir infecções e tentar evitar o avanço da doença com fármacos já conhecidos e usados para outras doenças.
VivaBem preparou uma lista dos tratamentos e remédios que vêm sendo usados atualmente contra o coronavírus:
Dexametasona
Há quase 60 anos, a dexametasona é utilizada para aliviar inflamações e tratar doenças que requeiram ação imunossupressora como a artrite reumatoide, alergias, asma entre outras enfermidades.Conhecido também como corticoide ou esteroide, esse tipo de fármaco tem alto poder anti-inflamatório e imunossupressor, e é uma versão sintética dos hormônios produzidos pelas glândulas suprarrenais (adrenais), localizadas na parte superior dos seus rins.
Em um estudo, pesquisadores da Universidade de Oxford afirmam que a droga reduz a incidência de mortes pela covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Os resultados da análise apontam redução de um terço das mortes em pacientes em estado grave que receberam o medicamento.
A droga é de baixo custo e o Ministério da Saúde do Reino Unido confirmou que vai inclui-lo no tratamento da covid-19.
Apesar da boa perspectiva, o estudo ainda não passou por uma fase importante da pesquisa científica: a revisão por pares, na qual outros cientistas revisam o resultado. O medicamento não é indicado para a prevenção da covid-19 e não deve ser tomado sem prescrição médica.
Anticorpos monoclonais
Uma das mais recentes alternativas em estudo é a terapia com anticorpos monoclonais, moléculas fabricadas em laboratório que podem imitar os anticorpos do sistema imunológico humano e podem ser usados para atingir células cancerígenas ou que, por exemplo, foram infectadas por vírus.
A técnica já foi aplicada com sucesso para tratar diferentes doenças, do câncer à artrite reumatoide.
No caso da covid-19, a técnica, que trabalha reforçando o sistema imunológico com anticorpos direcionados contra um invasor específico, adicionaria ao organismo anticorpos direcionados contra regiões específicas do novo coronavírus.
Já existem dezenas de grupos trabalhando na criação de versões de anticorpos monoclonais. O primeiro a iniciar estudos em humanos é o desenvolvido pela empresa canadense de biotecnologia AbCellera e pela companhia farmacêutica Eli Lilly. No dia 11 de junho, a farmacêutica norte-americana Regeneron afirmou que também iniciou testes em humanos com um coquetel de dois anticorpos monoclonais.
Hidroxicloroquina e cloroquina
Ambos em estudo para o combate da covid-19, a hidroxicloroquina e a cloroquina são remédios de formulações diferentes, mas que levam a cloroquina como base. Seus benefícios clínicos são parecidos, mas a hidroxicloroquina é considerada um pouco mais segura, com menos efeitos colaterais, e por isso é foco de mais estudos.
O medicamento é de uso controlado que tem efeito imunomodulador —fornece aumento da resposta imune contra determinados microrganismos—, e por isso é usada para tratar doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide, e até malária.
No combate à covid-19, o papel da hidroxicloroquina seria controlar a infecção impedindo que o vírus se reproduza. Além disso, um dos efeitos do remédio é modificar o pH de vesículas que estão no interior das células. Isso prejudica a produção de partículas que um vírus precisa para se multiplicar. Assim, ele acaba não se reproduzindo e a infecção é controlada.
Embora haja muito debate e esperança de boa parte da população na droga, sua eficácia não é comprovada: enquanto alguns testes indicam melhora dos pacientes, outros apontam que a droga não fez diferença no tratamento.
Azitromicina
É um antibiótico com efeito antibacteriano, comumente usado para combater doenças do trato respiratório, como a bronquite, pneumonia, sinusite, faringite, IST, entre outros quadros.
Em testes para o combate à covid-19, a droga é usada combinada com a cloroquina/hidroxicloroquina. A esperança, ainda sem comprovação, é que o combo reduza a carga viral da doença, especialmente em pacientes com pneumonia, doença pulmonar, doença respiratória aguda (desde que relacionadas ao vírus Sars-CoV-2), e até previna quadros graves.
Remdesivir
Embora não haja pesquisas que comprovem a eficácia e a segurança definitivas do medicamento, ele já foi aprovado nos Estados Unidos para o uso em tratamento de pacientes com a covid-19 em estado grave.
A aprovação teve como base uma pesquisa conduzida pelo Instituto Nacional Americano de Saúde (NIH, na sigla em inglês), que considerou 1.063 pacientes nos EUA, na Europa e na Ásia. Os pacientes foram divididos entre os que receberam um tratamento com placebo e os que tomaram o remdesivir. A análise preliminar do estudo indica que os pacientes tratados com o remédio se recuperavam cerca de quatro dias antes do que os outros. A taxa de mortalidade entre os que usaram a medicação também seria menor.
Mas cientistas do mundo todo ainda mantêm o ceticismo diante da notícia, já que, em outro estudo recente, feito por médicos chineses e publicado pelo periódico The Lancet, o antiviral teve pouco resultado entre os pacientes testados.
Heparina
De acordo com um estudo feito na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), além de ser eficiente para evitar quadros de coagulação —que têm sido observados em pacientes com a doença e podem afetar vasos de diferentes órgãos—, o medicamento parece também ser capaz de dificultar a entrada do novo coronavírus nas células.
Em testes de laboratório, feitos em linhagem celular proveniente do rim do macaco-verde africano (Cercopithecus aethiops), a heparina reduziu em 70% a invasão das células pelo novo coronavírus. Os resultados do estudo ainda são preliminares e foram descritos em artigo publicado na plataforma bioRxiv, ainda em versão pré-print (sem revisão por pares).
Corticoides
Plasma
Neste caso, o "remédio" viria do corpo de quem já se recuperou da covid-19. Os pesquisadores esclarecem que o plasma —parte líquida do sangue— de quem se curou tem anticorpos chamados de "neutralizantes", que podem ser úteis para compensar a incapacidade do sistema imunológico do indivíduo doente e antecipar sua melhora.
Para transformar isso em medicamento, o plasma é coletado e devidamente testado para assegurar que tenha um bom nível de anti-Sars-CoV-2. Quando injetado em um novo paciente, o plasma convalescente fornece "imunidade passiva" até que o sistema imunológico do paciente possa gerar seus próprios anticorpos.
Estudos estão em curso para provar a eficácia da técnica —que já foi usada no tratamento de doenças como coqueluche, tétano e durante as epidemias de Sars e Mers— contra o coronavírus. Testes preliminares feitos no Brasil apresentaram bom resultado.
Lopinavir + ritonavir em conjunto com Interferon beta-1b + ribavirin
Os remédios lopinavir-ritonavir já são bem conhecidos na luta para combater o HIV. Eles impedem a ação da enzima protease, responsável por criar os conjuntos de aminoácidos que os vírus usam para se multiplicar. As pesquisas atuais buscam entender se o efeito pode ser o mesmo contra o Sars-CoV-2.
Seu uso também está sendo estudado com medicamentos de efeito similares. Uma pesquisa publicada no periódico científico The Lancet aponta que a combinação dos quatro antivirais foi segura e mais eficiente no alívio dos sintomas da covid-19, reduzindo o período replicação do vírus e o tempo de internação dos pacientes.
Embora os resultados sejam animadores, os pesquisadores responsáveis apontam que ainda devem confirmar as evidências, em uma fase maior, se o interferon beta-1b sozinho ou em combinação com outras drogas é eficaz. O estudo também não contou com grupo placebo, o que significa que os pesquisadores e os participantes sabiam qual tratamento estavam dando e recebendo, o que é considerado uma falha nos critérios de pesquisa científica.
Sociedades médicas avaliam riscos e benefícios
Em conjunto, a AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), SBI (Sociedade Brasileira de Imunologia) e SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia) publicaram um documento com diretrizes para o tratamento farmacológico da covid-19. Veja abaixo:
*Com informações das reportagens de Cristina Almeida e Danielle Sanches
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