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Colo do útero: 9 fatos que toda mulher precisa saber sobre essa região

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Imagem: iStock

Heloísa Noronha

Colaboração para VivaBem

08/07/2020 04h00

Porção inferior do útero onde se encontra a abertura do órgão, o colo do útero está localizado no fundo da vagina e serve para separar os órgãos internos e externos da genitália feminina. Por isso, é uma área bastante sensível e exposta ao risco de doenças e alterações relacionadas ao sexo.

Na gravidez, sobretudo, merece cuidados especiais. Conhecer melhor sobre essa região é uma atitude eficaz para saber como mantê-la saudável e à prova de doenças graves.

  • Funciona como uma barreira de proteção

O colo uterino é a porção fibromuscular inferior do útero e serve para fazer a transição entre a vagina e o corpo do útero. Por conta disso, produz um muco cervical com propriedades bactericidas que age como uma espécie de tampão, impedindo que patógenos e corpos estranhos sejam levados para o interior da cavidade pélvica. É uma defesa importante para o útero, especialmente durante a gravidez.

  • Região pode variar de tamanho e formato

Isso acontece de acordo com a paridade da mulher, sua idade, fase do ciclo menstrual, cirurgias prévias e certas patologias. Após a gestação e o parto, o orifício externo passa a apresentar formato de fenda e o colo pode passar a ter um maior volume.

  • Exige cuidado na hora do sexo

Por ser uma área delicada e que protege o útero, certas medidas devem ser tomadas para prevenção de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) e lesões. Usar preservativos é fundamental, assim como evitar ter relações quando estiver com feridas no colo do útero.

Quem adota sex toys para penetração deve garantir que os acessórios estejam bem higienizados, sem secreções antigas que possam conter bactérias e agentes infecciosos que podem entrar diretamente no canal vaginal e no colo. Certas posições sexuais e parceiros com pênis grandes podem causar incômodo na região —nesses casos, a penetração deve acontecer de forma mais suave.

  • Fica mais aberto durante a menstruação

Portanto, há maior risco de contrair doenças nesse período. Os vasos sanguíneos do endométrio também se dilatam, o que torna toda a área mais sensível a fungos, bactérias e à contaminação por ISTs como os vírus HPV (papiloma humano) e HIV (imunodeficiência humana), hepatites e C, gonorreia e clamídia. Por isso, é importante usar preservativo nas relações no ciclo menstrual.

  • Qualquer ferida deve ser tratada

Seja de origem traumática (durante uma relação sexual, por exemplo), inflamatória ou infecciosa, as lesões devem ser examinadas. Normalmente, indicam um processo inflamatório devido a um corrimento, por exemplo, que não teve tratamento adequado. O tratamento muitas vezes é realizado com uma cauterização no local das lesões e cremes vaginais.

Estima-se que mais de 70% das mulheres entrarão em contato com o HPV ao longo da vida, vírus que, sempre é bom lembrar, é sexualmente transmissível —daí a importância de fazer sexo de modo seguro. Existem diversos tipos de HPV, que podem ser causadores de verrugas ou lesões benignas, até doenças mais graves como câncer de colo de útero.

  • Passa por mudanças durante a gestação

Há modificações na consistência, no tamanho e no volume. A textura, que costuma ser parecida à da cartilagem nasal, passa a se assemelhar à dos lábios. Além disso, a coloração torna-se arroxeada. Essas alterações ocorrem pelo aumento da vascularização local, hipertrofia e hiperplasia das glândulas cervicais e pelo edema do colo uterino.

A parte interna do colo, chamada orifício interno do útero, fica fechada até o final da gravidez. Ele também produz um tampão mucoso diferente que auxilia no seu fechamento e proteção fetal. Quando a gestante entra em trabalho de parto, o orifício interno relaxa e o colo fica mais dilatado, facilitando o nascimento do bebê.

  • Colo do útero curto é condição que exige atenção

É importante avaliar o colo em cada fase gestacional, observando se há dilatação e/ou encurtamento precoce, quando o comprimento fica abaixo de 25 mm. Se há o diagnóstico de colo curto, pelo histórico das gestações anteriores ou pela medida da ultrassonografia do segundo trimestre, medidas preventivas para evitar abortamento e prematuridade devem ser instituídas.

Uma delas é a cerclagem, uma sutura realizada sob anestesia, para manter o colo uterino fechado até o final da gravidez. Os pontos são retirados por volta da 37ª semana para que o parto possa ocorrer normalmente. A outra alternativa é o pessário, um dispositivo médico inserido na vagina que oferece suporte estrutural, evitando, assim, o parto prematuro.

  • Papanicolau é um exame primordial

De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), o exame ginecológico preventivo deve ser realizado por todas as mulheres com vida sexual ativa que tenham entre 25 e 64 anos. O ideal é realizá-lo todos os anos. O papanicolau verifica possíveis alterações, como lesões de HPV que podem migrar para um câncer.

Segundo o INCA, o câncer de colo de útero é o segundo tumor mais frequente entre as mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama. Ele afeta, em sua maioria, mulheres entre 40 e 60 anos de idade. Sexo desprotegido com múltiplos parceiros, tabagismo, iniciação sexual precoce e multiparidade (várias gestações) são outros fatores de risco.

Outros exames recomendados são o exame pélvico, que consiste na avaliação com um espéculo; a colposcopia, capaz de detectar lesões anormais, e a biópsia, que analisa uma pequena amostra de tecido caso células anormais sejam detectadas no papanicolau.

  • Na fase inicial, câncer do colo do útero pode não apresentar sintomas

Quando o estado da doença já está mais avançado, algumas mulheres podem sentir dores ou ter sangramentos durante ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais.

Os sintomas surgem de acordo com a região genital infectada pelo HPV. Se em vulva, e possível notar alterações de pele como verrugas. Se em vagina e colo uterino, geralmente as lesões induzidas pelo HPV são assintomáticas, daí a importância do exame ginecológico rotineiro e preventivo.

Fontes: Fernanda Torras, especialista em ginecologia e obstetrícia pela Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia) e em mastologia pela SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia); Geraldo Caldeira, ginecologista e obstetra, membro da SBRH (Sociedade Brasileira de Reprodução Humana) e médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo (SP); Karina Tafner, ginecologista, obstetra, especialista em endocrinologia ginecológica e reprodução humana pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SP) e especialista em reprodução assistida pela Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), e Pedro Peregrino, especialista em reprodução humana da Clínica Viventre, em São Paulo (SP), médico colaborador do Centro de Reprodução Humana "Governador Mário Covas" do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e membro da ASRM (Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva) e da ESHRE (Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia).