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Fique atento às ciladas nutricionais na busca por emagrecer na quarentena

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Lucas Vasconcellos

Colaboração para o VivaBem

22/09/2020 04h00

Com a a flexibilização da quarentena, reabertura de academias e parques e o final do inverno, o desespero pela perda de peso volta a se instalar. E esse ano com força maior, já que o isolamento social provocado pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), que foi intenso durante alguns meses, mexeu com a rotina de todo mundo. Dentro de casa, quem treinou fez exercícios mais limitados —e muita gente ficou sedentária mesmo. E a comida foi um refúgio emocional para muitas pessoas.

Mas vale lembrar que tentar reverter o ganho de peso ou a perda de massa magra de um dia para o outro pode ser perigoso e facilita com que você caia em pegadinhas e promessas irreais. "Esse desespero é algo que precisa ser refletido para evitar a criação de expectativas. O corpo pode não aguentar um desempenho exagerado, prejudicando ainda mais o condicionamento, devido a uma lesão", comenta a nutricionista Clarissa Hiwatashi Fujiwara, membro do Departamento de Nutrição da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica). Abaixo, listamos algumas situações comumente praticadas na alimentação quando se está ansioso para perder peso rapidamente.

Dietas muito restritivas

Dieta restritiva - PeopleImages/iStock - PeopleImages/iStock
Imagem: PeopleImages/iStock

Apesar de popular, a restrição exagerada de alimentos pode ter um efeito maléfico no corpo: queda da imunidade. Segundo Karina Hatano, nutróloga e médica do esporte, especialista da Seleção Brasileira de Natação e da Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol, dietas de baixa quantidade e qualidade de alimentos (como a dieta do ovo, a dieta da sopa e tantas outras propagadas à exaustão) podem enfraquecer o organismo —facilitando o surgimento de doenças. Vale ressaltar que, embora para muita gente não pareça, nós seguimos em uma pandemia e um vírus letal circula por aí.

Jejum intermitente por conta própria

Jejum intermitente - iStock - iStock
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A prática de ficar muitas horas sem comer deve ser feita com um acompanhamento especializado. O período longo sem se alimentar proposto no jejum intermitente pode induzir a queda dos níveis de açúcar no corpo, o que é grave, especialmente para pessoas com problemas preexistentes de saúde, ou seja, o ideal é conversar com um especialista para verificar seu histórico de saúde e assim organizar quais são os melhores horários para se alimentar e definir o que exatamente se deve comer nesses momentos, a fim de evitar problemas. Outros efeitos comuns da prática sem supervisão adequada são dores de cabeça, tontura e dificuldade de concentração.

Cortar carboidrato por conta própria

O carboidrato queimado é exposto a substâncias com potencial cancerígeno - iStock - iStock
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Levante a mão quem nunca ouviu dizer que cortar carboidrato emagrece? Embora os resultados existam, essa não é a única maneira de eliminar quilinhos extras. O carboidrato é a principal fonte de energia para o corpo, ou seja, nós precisamos dele. Por isso, ele deve ser substituído com cautela e orientação. Ele pode ser limitado, mas dentro de uma troca inteligente e integrada com o restante do cardápio. Por exemplo: substitua os produtos derivados de farinhas brancas por integrais (arroz, macarrão, pão).

Cortar completamente o carboidrato por conta própria também abre precedente para que aconteça um efeito rebote, ou seja, o corpo sente a falta e provoca ataques compulsivos, em que a pessoa consome alimentos que o contém de forma descontrolada. Por isso, dietas que reduzem esse macronutriente também devem ser feitas com uma orientação adequada de um nutricionista ou nutrólogo.

O que posso fazer para recuperar a antiga forma?

Alimentação equilibrada é a melhor pedida. Lembre-se que um prato saudável deve conter itens como contendo proteínas, carboidratos complexos (como cereais integrais, batata-doce, mandioca), leguminosas (tais quais feijão, grão-de-bico e lentilha), boas gorduras (azeite, peixes e abacate), legumes e verduras. E essa alimentação deve ser complementada com a inclusão de frutas e água.

Embora cada organismo seja único, com a manutenção de um cardápio razoável e uma quantidade moderada de exercício físico, o estimado é que se perca até um quilo por semana, mantendo a saúde e imunidade em dia, estima Hatano. Se alimentar bem é necessário para que a musculatura se desenvolva e, com isso, proteja as articulações do corpo, evitando dores e maiores riscos de lesão (o que deixaria você ainda mais tempo afastado da prática esportiva).

Fujiwara sugere que, antes de cair nessas pegadinhas alimentares, faça para si algumas perguntas, como: você consegue manter determinado estilo de comer por muito tempo? É sustentável dentro da sua rotina? A partir daí, você saberá como deve seguir.

Distúrbios alimentares

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Há também um alerta importante para a saúde mental com dietas muito restritivas. "Perder peso de maneira não saudável cria uma relação ruim com a alimentação, de culpa, e que pode ser definitivo para o surgimento de algum transtorno alimentar", alerta o psicólogo Yuri Busin, mestre e doutor em neurociência do comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, e diretor do CASME (Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio). Por isso, o ideal é seguir um acompanhamento médico. E por que não psicológico? É preciso respeitar o corpo e se acolher. "A gente tem que ser gentil com o corpo. Não é tudo ou nada", fala Fujiwara.

Ainda segundo Busin, a idealização de uma volta à vida como ela era é natural. E querer se cuidar faz parte disso. Mas tudo que é em excesso causa fissura, trazendo um estresse absurdo, e impossibilita de ver o que está acontecendo com clareza. A ideia da saúde física é construída para a vida e não para um evento.