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Será que é grave? 6 casos em que uma dor de cabeça pode ser preocupante

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Lívia Inácio

Colaboração para VivaBem

27/10/2021 04h00

Sortudo é aquele que nunca enfrentou uma dor de cabeça. Estima-se que o problema atinja 95% da população em algum momento da vida. Dada a sensibilidade dessa região do corpo, a gente entende as estatísticas. É na cabeça que encontramos a maior concentração de vasos, nervos, musculatura e outras estruturas onde processos dolorosos são comuns.

Essa parte também abriga os chamados nociceptores, terminações nervosas que conduzem a informação da dor, conforme explica o médico Wuilker Knoner Campos, da SBN (Sociedade Brasileira de Neurocirurgia).

É por isso que situações das mais diversas podem impactar o local, levando à chamada cefaleia, nome técnico da dor de cabeça. Para você ter uma ideia, há mais de 150 tipos delas. Agora, imagine o trabalho de detetive que os neurologistas precisam fazer para descobrirem a causa do problema em cada paciente. Como saber, por exemplo, se a dor está ligada a uma tensão do dia a dia ou se houve um sangramento interno no cérebro? O segredo está em uma análise detalhada de cada caso.

Alerta vermelho

Para começar, é importante saber que as cefaleias são divididas em duas categorias: primárias e secundárias. Na primeira, a dor é a doença em si, explica o médico Neudson Alcantara, da Socenne (Sociedade Cearense de Neurologia e Neurocirurgia). Isso inclui a cefaleia do tipo tensão e a enxaqueca, de causa genética.

Nesse caso, não há alterações estruturais na região. É diferente do que ocorre nas dores tipo secundárias, em que há lesões substanciais vinculadas à dor, como uma sinusite, um aneurisma, um tumor ou infecções como a meningite. E é por isso que, via de regra, elas demandam uma atenção redobrada.

A neurologista Renata Gomes Londero, da ABN (Academia Brasileira de Neurologia), explica que, para identificar se estão diante de um caso assim, os médicos se atentam aos sinais que chamam de red flags (bandeiras vermelhas, em inglês). Confira as seis principais:

mulher acima dos 50 com dor de cabeça - iStock - iStock
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1. Dor nova após os 50 anos de idade

Depois dos 50 anos, não é usual iniciar um quadro de cefaleia primária. Se a dor de cabeça nova estiver acompanhada de déficit motor em algum membro, pode-se suspeitar de tumor cerebral, acrescenta o neurologista e especialista em cefaleia Paulo Faro, do INC (Instituto de Neurologia de Curitiba).

mulher com dor de cabeça forte e intensa - iStock - iStock
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2. Cefaleia súbita e intensa

Uma cefaleia que atinge seu pico em menos de um minuto é bem preocupante. Pode ser um sangramento ou uma dissecção em algum vaso sanguíneo. "Alguns livros descrevem essa sensação como a 'pior dor da vida'", explica Londero. Ter uma dor tão forte e repentina ao ponto de ser acordado por ela no meio da noite é outro importante sinal de alerta.

dor em quem tem histórico de câncer - iStock - iStock
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3. Dor em quem tem histórico de câncer

Uma pessoa com histórico de câncer que começa a ter dores de cabeça também deve procurar um médico. "Alguém que já tratou o câncer de mama, por exemplo, pode ter desenvolvido uma metástase no cérebro. Então, é sempre bom ficar de olho", diz Alcantara.

Dor de cabeça junto com outro sintomas - iStock - iStock
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4. Dor acompanhada de outros sintomas

Se a dor de cabeça vem acompanhada de outros sintomas como febre, avermelhamento dos olhos, visão dupla, convulsões ou alteração da fala, é importante buscar ajuda médica imediatamente para investigar se o quadro, que pode ser provocado por infecções e até por um tumor cerebral.

dor de cabeça em pessoa com HIV - iStock - iStock
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5. Cefaleia em pessoas vivendo com HIV

Pessoas com HIV estão mais vulneráveis à infecções. Portanto, devem estar atentas a dores de cabeça que aparecem de repente já que existe o risco de que alguma região do sistema nervoso central esteja sendo afetada.

gestante com dor de cabeça - iStock - iStock
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6. Dor em gestantes

Quando engravida, a mulher fica mais suscetível à formação de trombos e, por isso, qualquer dor de cabeça precisa ser acompanhada bem de perto. Entre as condições graves pode estar a trombose de seio venoso, que pode comprometer o fluxo sanguíneo para a cabeça.

Quadro nunca é normal

Apesar de algumas cefaleias serem mais graves do que outras, esse nem sempre é o caso e, muitas vezes, a dor sentida é aquela "comum" —ou seja, que não é sintoma de algo mais, e apenas a dor em si. Faro, no entanto, reforça que, embora o problema atinja grande parte das pessoas em algum momento da vida, não existe uma dor de cabeça "normal", como muitos pensam.

Infelizmente, apenas um terço dos pacientes com dor vão ao médico e 50% não fazem o acompanhamento adequado, de acordo com a SBC (Sociedade Brasileira de Cefaleia).

É comum também que pessoas busquem resolver dores frequentes com analgésicos, o que é um problema. Sobretudo porque o costume tende a levar a um efeito rebote, reforça Londero.

De acordo com a especialista, se, por três meses ou mais, você toma analgésicos ou anti-inflamatórios por mais de 15 dias (por mês) ou medicações a base de cafeína, isometepteno e ergotamina por mais de 10 dias (mês), há o risco de desenvolver a chamada cefaleia secundária por uso excessivo de analgésicos.

Quando é hora de ir ao médico?

Segundo a SBCe (Sociedade Brasileira de Cefaleia), se nos últimos três meses você teve três dores de cabeça por mês, precisa procurar um especialista. O tratamento é feito com medicamentos prescritos para cada diagnóstico. "A gente não orienta que a pessoa fique em casa sofrendo e se automedicando. Se temos como cuidar, não há por que não buscar ajuda", acredita a médica.