'Secura do Saara' no Brasil exige cuidados, e há atividades 'proibidas'
Colaboração para VivaBem*
11/09/2024 05h30
A combinação de fuligem das queimadas com as altas temperaturas e baixa umidade do ar aumentam as queixas de desconforto respiratório em postos de saúde e causam mal-estar até mesmo em quem está em casa.
O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu nesta terça um alerta vermelho para baixa umidade relativa do ar —inferior a 12%— em parte dos estados de Goiás, Paraná, Mato Grosso, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins, Rondônia e do Distrito Federal. A situação se torna semelhante à de desertos e pode ser declarado um estado de emergência.
É perigoso?
Sim. Níveis tão baixos de umidade no ar podem desenvolver ou piorar quadros de doenças respiratórias e aumentam os riscos cardíacos. O risco é maior para pessoas idosas ou que já têm problemas no órgão e outras comorbidades, segundo o Ministério da Saúde.
O nível ideal de umidade do ar para o organismo humano gira entre 40% e 70%, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Abaixo desses valores, o tempo seco provoca o ressecamento das vias aéreas, aumentando o risco de infecções respiratórias —como resfriado, gripe e pneumonia— e irritações do trato respiratório com tosse, dor de garganta e até sangramento nasal.
O muco que cobre o sistema respiratório fica ressecado, diminuindo o mecanismo de defesa e deixando o corpo mais propenso a infecções e à invasão de bactérias e vírus. Além disso, o clima ainda aumenta nossa perda de água pela respiração e transpiração. Fica mais fácil desidratar. Esse clima também deixa a pele e os olhos mais secos e aumenta o risco de conjuntivite e dermatites.
Há ainda dores de cabeça e irritação nos olhos, nariz e garganta. Também pode ocorrer rompimento de vasos do nariz, provocando sangramento e maior facilidade de contrair conjuntivite viral, alérgica e síndrome do olho seco. Doenças pulmonares obstrutivas como asma, bronquite e enfisema também podem ocorrer.
Atividades 'proibidas' durante a secura
Para se manter saudável e não sofrer com os baixos níveis de umidade, o Hospital de Clínicas de Campinas e a Faculdade de Medicina da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) fizeram em 2022 um guia preventivo. Confira as boas práticas dependendo da umidade do ar:
Estado de atenção: entre 20% e 30%
- Evite exercícios físicos ao ar livre entre 11h e 15h;
- Umidifique o ambiente com vaporizadores, toalhas molhadas, recipientes com água, irrigação de jardins e etc.;
- Consuma água à vontade;
Estado de alerta: entre 12% e 20%
- Siga as recomendações do estado de atenção;
- Não faça exercícios físicos e trabalhos ao ar livre entre 10h e 16h, como correr, pedalar, fazer coleta de lixo, entregar correspondência e etc.;
- Evite aglomerações em ambientes fechados;
- Use soro fisiológico para umidificar olhos e narinas.
Estado de emergência: abaixo de 12%
- Siga as recomendações anteriores;
- Suspender atividades em que há aglomeração de pessoas em recintos fechados, como aulas e cinemas, entre 10h e 16h;
- Durante a tarde, mantenha úmidos os ambientes internos, principalmente quarto de crianças e idosos.
Combatendo os sintomas do tempo seco
- Beba bastante líquido;
- Evite a prática de atividades físicas entre 10h e 18h;
- Evite banhos muito quentes, para que a pele também não fique mais ressecada;
- Use não só protetor solar como hidratantes corporais, para evitar coceiras e irritações;
- Limpe (além de hidratar) os olhos e nariz com soro fisiológico para evitar o ressecamento;
- Faça inalação até três vezes ao dia, que é uma boa alternativa para crianças e idosos. E, em caso de dúvida sobre como realizá-la, consulte um médico;
- Lave as roupas guardadas há muito tempo antes de usar.
Como cuidar do seu ambiente?
Além de cuidados básicos vistos como apostar em umidificadores — um balde d'água no ambiente ou toalha úmida na janela também ajudam —, é importante manter-se longe de fuligem, pó, ácaros e mofo, especialmente se você já estiver sensibilizado pelo ar seco ou tiver doenças respiratórias crônicas. Veja o que fazer:
- Evite carpetes ou cortinas que acumulem poeiras;
- Evite roupas e cobertores com pelos;
- Se for usar algum agasalho no fim do dia, prefira malha, moletom, nylon ou couro;
- Cubra colchões, travesseiros e almofadas com plásticos;
- Afaste a cama da parede;
- Coloque livros e objetos em armários fechados;
- Limpe a casa com pano úmido (principalmente os cantos do quarto, beiradas e estrados da cama) e evite produtos de limpeza com cheiro ativo, preferindo o álcool;
- Evite permanecer em cômodos úmidos, fechados, lidar com papéis ou usar roupas e objetos guardados por muito tempo;
- Não permita que fumem em ambientes internos.
*Com informações de reportagens publicadas em 07/07/2018, 19/06/2020, 16/07/2021 e 26/09/2021.