Caderneta em dia: saiba quais são as vacinas que os adultos devem tomar
Resumo da notícia
- Existe um calendário de vacinação que precisa ser cumprido pelos adultos
- As imunizações devem ser recebidas a partir dos 20 anos e, em alguns casos, seguir sendo tomadas por toda a vida
- As proteções contra difteria, tétano, gripe, HPV e pneumonia são algumas das recomendadas para adultos
- Pessoas que não tomaram vacinas que fazem parte do calendário infantil também devem receber a imunização quando adultos
As vacinas quase sempre são associadas às crianças e muita gente nem sabe que existe um calendário de vacinação a ser cumprido pelos adultos. Pois é. Há várias imunizações disponíveis na rede pública e privada que homens e mulheres precisam receber a partir dos 20 anos. Elas ajudam a evitar desde doenças mais simples, como a gripe, até problemas mais sérios que podem evoluir para um câncer. Portanto, não devem ser ignoradas.
"A maioria da população negligencia a própria saúde e a da sociedade, já que ao não se vacinar uma pessoa se torna um potencial transmissor de doenças e deixa de ajudar a evitar surtos, como é o caso atual do sarampo", alerta a médica Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Os dados comprovam a preocupação da médica. Em uma pesquisa realizada em 2017 pelo instituto Ipsos MORI com 8,5 mil pessoas em seis países, 69% dos adultos brasileiros entrevistados não estavam com a vacinação em dia. Além disso, 15% afirmaram que as vacinas são recomendadas somente para bebês ou crianças e 21% consideram a vacinação na vida adulta apenas para fins de viagem. O levantamento foi encomendado pela companhia farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK).
Confira a seguir quais vacinas um adulto deve tomar, segundo a SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).
Dupla adulto - dt (difteria e tétano)
Quando tomar Uma dose a cada dez anos, por toda a vida, sendo a primeira aos 20 anos. Se você não tomou a vacina nessa idade, deve receber a imunização agora e seguir no esquema de uma dose a cada década. Está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde).
Entenda as doenças A difteria é causada por uma bactéria que atinge as amídalas, a faringe, a laringe, o nariz e, em alguns casos, as mucosas e a pele, onde provoca placas branco-acinzentadas. É transmitida por meio de tosse ou espirro.
Já o tétano é causado pela toxina de uma bactéria que entra no organismo por meio de ferimentos ou lesões na pele e atinge o sistema nervoso central. A doença não é provocada apenas o contato com metais enferrujados que provocam o problema, pois a bactéria do tétano pode ser encontrada nos mais diversos ambientes, inclusive fezes de animais. Caracteriza-se por rigidez muscular em todo o corpo, principalmente no pescoço, além da dificuldade em engolir.
Influenza (gripe)
Quando tomar Uma vez por ano, geralmente nos meses de abril e maio. Está disponível gratuitamente no SUS para adultos que fazem parte do grupo de risco (idosos, gestante e pacientes com asma) e na rede particular para qualquer pessoa.
Entenda a doença Caracteriza-se por febre alta, calafrios, dor de cabeça, mal-estar, tosse seca e dor muscular. Pode gerar complicações como infecções respiratórias agudas. A vacina contra gripe não protege de resfriados comuns, que são causados por outros tipos de vírus e normalmente se geram sintomas mais leves, sem febre.
Meningite B e ACWY
Quando tomar Apesar dessas vacinas fazerem parte do calendário infantil, a imunização contra meningite C só passou a ser oferecida aos bebês pelo SUS a partir de 2010 e a contra meningite B até hoje só está disponível na rede particular (assim como a ACWY, que além do meningococo C protege contra os tipos A, W e Y). Por isso, grande parte dos adultos nunca recebeu a proteção.
Para quem tem mais de 20 anos, a recomendação é tomar uma dose da vacina meningocócica ACWY (ou apenas a C) e duas doses da meningocócica B, com intervalo de um a dois meses entre elas. Essas vacinas não estão disponíveis para adultos na rede pública. A imunização é exigida por universidades americanas e indicada para quem vai viajar para países com incidência da doença.
Entenda a doença Causada por um grupo de bactérias chamadas meningococos, a doença provoca inflamação na meninge, membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal, podendo levar à morte entre 24 e 48 horas a partir do aparecimento dos primeiros sintomas —mas a meningite não tende a ser tão grave em adultos quanto em crianças. Os principais sintomas do problema são fraqueza, febre, dor de cabeça, vômitos e rigidez na nuca. Há 12 tipos de meningococos e, no Brasil, o mais comum é o tipo C, seguido do tipo B.
HPV
Quando tomar Adultos que não receberam a imunização na infância (praticamente todos, pois a vacina é nova) podem tomar a primeira dose em qualquer idade, a segunda dose um a dois meses depois e a terceira, seis meses após a primeira dose. Apesar da vacina contra HPV (papiloma vírus humano) ser indicada para crianças e adolescentes antes do início da vida sexual, pessoas mais velhas que já tiveram relações —e, por isso, provavelmente estão infectados — podem, sim, ser beneficiados com a vacina, pois existem mais de 150 tipos de vírus HPV.
Entenda a doença O HPV é transmitido no sexo (inclusive no oral e na masturbação). O vírus infecta a pele e as mucosas, causando verrugas ou lesões que podem resultar em câncer de colo de útero, de pênis, de ânus e de garganta.
Pneumonia (pneumococo)
Quando tomar A recomendação é uma dose ao completar 60 anos e outra de reforço após cinco anos —entre os 50 e 59 anos também já pode ser tomada, se houver recomendação do médico. A vacina é administrada pelo SUS durante a Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza nos indivíduos de 60 anos ou mais. Idosos que vivem em instituições fechadas como asilos, hospitais e casas de repouso, por apresentarem maior risco de contrair pneumonia, também costumam receber a vacina gratuitamente.
Entenda a doença É uma infecção respiratória grave causada pelo pneumococo. O problema se caracteriza por febre, tosse com catarro e, em muitos casos, precisa de internação, podendo levar a pessoa à morte se não for tratado adequadamente.
Herpes zóster
Quando tomar Mesmo em pessoas que já desenvolverem a doença, a dose única é recomendada após os 60 anos —mas pode ser aplicada a partir dos 50 se o médico achar que há necessidade. Pessoas com a imunidade debilitada (em tratamento contra o câncer ou com Aids, por exemplo) só devem receber a imunização com indicação médica. A vacina não está disponível na rede pública.
Entenda o problema Conhecido popularmente como cobreiro, o herpes zóster decorre da reativação do vírus da varicela-zóster, causador também da catapora. Esse vírus permanece em latência durante toda a vida da pessoa e, se a imunidade cai, a doença pode "atacar". Caracteriza-se por bolhas que provoca dor crônica —prolongada e de difícil controle — e extremamente debilitante.
Vacinas que o adulto deve tomar se não recebeu na infância
As imunizações abaixo normalmente são aplicadas na infância. No entanto, caso o adulto não tenha recebido uma dessas vacinas, deve atualizar a caderneta de vacinação.
Febre amarela
Quando tomar Para adultos que não receberam a proteção na infância a indicação é uma única dose, a qualquer momento da vida. Segundo a SBIm, não há consenso sobre a duração da proteção conferida pela vacina. Porém, dependendo do risco, uma segunda dose após dez anos pode ser indicada devido à possibilidade de falha vacinal. É contraindicada para gestantes e mulheres em período de amamentação. Está disponível no SUS.
Entenda a doença A febre amarela é uma complicação infecciosa, que pode levar à morte. O problema é causado por um vírus, transmitido por meio da picada de um mosquito infectado. Os sintomas iniciais incluem o início repentino de febre, dores musculares em todo o corpo, calafrios, dor de cabeça severa, náuseas, vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, os indivíduos apresentam febre alta, icterícia (a pele e as mucosas ficam amareladas), sangramentos e, eventualmente, choque e falência de múltiplos órgãos.
Hepatite B
Quando tomar A primeira dose pode ser recebida a qualquer momento por quem não foi imunizado quando criança. A segunda dose é indicada um mês após a primeira; e a terceira, seis meses depois da primeira. Está disponível no SUS.
Entenda a doença É causada pelo vírus B da hepatite, que ataca as células do fígado, levando à inflamação do órgão. A transmissão é feita pelo sangue e outros líquidos corporais contaminados e ocorre em situações rotineiras no dia a dia, como ao compartilhar alicates de unha. Silenciosa, a doença pode evoluir para um câncer e nem sempre apresenta sintomas —os mais comuns são cansaço, febre, vômitos, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. É sexualmente transmissível e grávidas podem "passar" a infecção para o bebê durante o parto.
Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
Quando tomar Para adultos com até 29 anos que não receberam a vacina na infância, são indicadas duas doses, com intervalo mínimo de um mês entre elas. Já pessoas com idade entre 30 e 49 anos devem receber uma dose, que garante proteção por toda a vida. É contraindicada em gestantes e pessoas com imunidade comprometida. Está disponível no SUS.
Entenda as doenças O sarampo é causado por um vírus muito contagioso que permanece no ar e é transmitido por gotículas de saliva ao tossir, espirrar e falar. A doença provoca febre alta, tosse, coriza e manchas avermelhadas pelo corpo.
Já a caxumba é uma infecção viral aguda, também transmitidas por meio de gotículas de saliva ou de secreções nasais. Costumam acontecer surtos no inverno e na primavera. A doença provoca aumento das glândulas salivares próximas às orelhas, causando edema nos dois lados da face.
Por fim, a rubéola é uma doença muito contagiosa, provocada pelo Rubella virus, que gera febre e manchas vermelhas na pele. É transmitida pelo contato direto com pessoas contaminadas, por meio de saliva, espirro, tosse. A doença pode ser passada de mãe para filho ainda durante a gravidez.
Hepatite A
Quando tomar Em qualquer momento, o adulto que não foi vacinado na infância pode receber a proteção. São duas doses, sendo que a segunda deve ser tomada seis meses após a primeira. Disponível somente na rede privada.
Entenda a doença É causada pelo vírus da hepatite A e sua transmissão ocorre pela ingestão de água ou alimentos com coliformes fecais. Entre as principais vias de contaminação estão vegetais mal lavados e consumidos crus (saladas); mariscos e frutos do mar ingeridos sem ir ao fogo; e água sem tratamento. Assim como a hepatite B, na maioria das vezes é assintomática. Quando apresenta sinais o paciente pode ter febre, dores musculares, cansaço, mal-estar, inapetência, náuseas e vômito, icterícia, fezes amarelo-esbranquiçadas e urina com cor escura.
Varicela (catapora)
Quando tomar Se o adulto não se vacinou na infância e não teve a doença, deve receber a qualquer momento a imunização, que é feita em duas doses com intervalo de um a dois meses entre elas. Está disponível somente na rede privada.
Entenda a doença Popularmente conhecida como catapora, é uma doença infecciosa, altamente contagiosa, causada pelo vírus varicela-zóster, que surge mais na primavera. Em adultos, os sintomas são mais fortes do que nas crianças e se caracteriza por lesões na pele acompanhadas de coceira, que podem demorar até 20 dias para ir embora de vez. O contágio acontece por meio do contato com as lesões, por gotas de saliva ou objetos contaminados com o vírus.
Manter a caderneta em dia é importante
A médica Monica Levi, presidente da Comissão de Calendários e Consensos da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), alerta que ao longo do tempo surgem novas vacinas e ocorrem mudanças epidemiológicas e surtos, além de novas evidências científicas que podem alterar as diretrizes vigentes de vacinação. Por isso, o adulto precisa estar constantemente atento ao calendário vacinal referente à sua idade.
Para manter a carteira de vacinação em dia, a recomendação é que a pessoa sempre leve o documento em consultas rotineiras e discuta com o médico quais vacinas devem ser tomadas. "A carteira de vacinação é um documento importante como o RG e deve ser usada e guardada como tal", alerta a médica Bárbara Furtado, gerente médica de vacinas da GSK.
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