Adoeceu e pretende viajar de avião? Veja os cuidados e em que casos não ir
Viajar de avião exige ações preventivas, pois algumas situações clínicas podem ocasionar uma emergência.
Sintomas de doenças cardíacas, diabetes, sinusite, pedras nos rins, asma brônquica, por exemplo, podem se agravar durante um voo ou depois que o passageiro desembarca.
Por isso, para que você não tenha que interromper suas férias, ou mesmo perder tempo e dinheiro se planejando, procure antes de comprar a passagem um médico para fazer um check-up. Trata-se de uma recomendação importante, ainda mais quando se sabe que o estado de saúde inspira cuidados.
"Faça isso com pelo menos um mês de antecedência. É importante investigar e controlar eventuais sintomas e fatores de risco, pois quando há algo de errado com o organismo as condições de oxigenação e pressurização há mais de dez mil metros de altitude podem representar perigos e até risco de morte", explica Rodrigo Noronha, cardiologista da BP - A Beneficência Portuguesa, de São Paulo.
O médico informa que o grupo mais suscetível, a princípio, são tabagistas, hipertensos e obesos. Porém idosos, grávidas e crianças também merecem atenção, principalmente aos sintomas de desidratação, como dor de cabeça, fraqueza e vertigem. Pessoas alérgicas, com doenças crônicas, ou que estejam um pouco debilitadas, para não terem problemas com a baixa umidade e o forte ar-condicionado durante o voo, devem levar consigo medicamentos.
Só embarque se estiver tudo sob controle
Quem tem doenças cardíacas, respiratórias ou tiver passado por uma cirurgia recentemente pode viajar se o quadro estiver estabilizado. No caso de doenças contagiosas, como catapora e tuberculose, se não estiverem na fase transmissível não há restrição, mas é preciso comprovar isso com um atestado. O mesmo serve para o caso de fraturas com necessidade de imobilização com gesso ou tala.
Para o viajante não ser barrado de entrar no avião, as companhias aéreas exigem com no máximo até 48 horas de antecedência o Medif (Medical Information Form, na sigla em inglês), um formulário que deve ser preenchido pelo médico informando o tipo da doença, seu comportamento e se ela inviabiliza ou não a viagem de avião e se oferece riscos aos demais passageiros a bordo.
No que compete a problemas respiratórios, o otorrinolaringologista Fausto Nakandakari, do Hospital Sírio Libanês (SP), explica que casos de rinite e resfriados não impedem o embarque no voo. "Porém, requerem tratamento para evitar desconfortos como zumbidos, pressão e dor nos ouvidos e seios da face. Esses sintomas são mais perceptíveis durante a despressurização, tanto na subida como na aterrissagem do avião", diz.
Nos casos de bronquite, asma ou outras formas de doença pulmonar obstrutiva crônica, se o passageiro conseguir caminhar normalmente, puder carregar peso e não se sentir mal em ambientes fechados, sem ficar ofegante e sem precisar de oxigênio, pode viajar.
Quanto às doenças vasculares, para Noronha, pacientes que tiveram infartos não complicados, ou AVC podem viajar depois de duas semanas. Aqueles que tiveram infarto com complicações, só depois de seis semanas. A hipertensão arterial não é um impeditivo para voar, a não ser que esteja descontrolada. Em relação a usar marca-passo também não.
Sobre quem tem diabetes, é preciso manter alguns cuidados para poder viajar, como levar a medicação para controlar a taxa de glicemia, receita, se for para o exterior, evitar comidas ricas em açúcar ou carboidratos simples e manter a hidratação.
"É recomendável também levar um frasco a mais de insulina para evitar imprevistos e não despachar a medicação por conta da temperatura fria do porão de cargas. O ideal é levá-la na bagagem de mão com uma receita atualizada. Esses remédios não costumam gerar problemas com embarque", esclarece Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio Libanês.
Quando não é indicado pegar o avião?
Como já mencionado, o passageiro só está impedido de embarcar se apresentar alguma condição que comprometa sua saúde ou a dos demais passageiros durante o voo. No que diz respeito a infecções em geral, a recomendação dos especialistas é não viajar se o quadro tem sido de difícil tratamento ou tenha piorado nos dias que antecedem a viagem.
Nakandakari afirma que otites e sinusites agudas em vigência, por exemplo, oferecem incômodos maiores durante o voo e, por conta da pressão, podem até provocar rompimento da membrana timpânica e sangramentos.
Para Alex Meller, urologista do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e professor na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em se tratando de infecções urológicas, a pessoa não deve viajar se estiver sentindo cólica e febre. O mesmo alerta serve para quem estiver com cálculos renais grandes e com possibilidade de obstrução, infecção e dor nos rins. No caso dos homens, também é advertido viajar em caso de prostatite (infecção com inchaço da próstata).
Deve também adiar a viagem quem sofreu uma torção de ligamento, ou está com crise de artrose e hérnia de disco na coluna, pois dependendo da posição e movimentação do corpo, pode piorar. Em caso de fraturas de membros inferiores, o melhor também é não ir, pois o risco de trombose é alto.
"Quando há inflamação interna e o sangue fica parado, sobretudo em áreas como pés, tornozelos e pernas, ele pode coagular por conta da pressão de subir pelas artérias. Quem é obeso, fumante e usa anticoncepcional, que é pró-coagulante, deve redobrar os cuidados", salienta Alexandre Stivanin, ortopedista do Hospital Samaritano (SP).
Viajar com intensa falta de ar e dor no peito também não é bom. Pacientes nessas condições podem não conseguir tolerar a diminuição de oxigênio nas alturas e apresentar queda da oxigenação arterial, o que pode provocar palpitações, cansaço e até comprometer o bom funcionamento dos órgãos. Somado a isso, a imobilização e a distensão dos gases que ocorre principalmente na subida do avião e em voos longos também podem comprometer a circulação e provocar embolizações, que se migrarem para o pulmão podem matar.
Técnicas para evitar desgaste físico e emocional em voos longos
Mucosas ressecadas, resfriados, inchaços pelo corpo e ouvido entupido são alguns dos efeitos sentidos principalmente por quem enfrenta voos de longa duração. A seguir, entenda esses e outros sintomas e veja como evitá-los.
1. Mantenha-se hidratado
A bordo do avião é mais importante se hidratar do que comer. Procure beber água, chás e sucos antes, durante e depois do voo. Isso evita a retenção de líquidos, principalmente em passageiros que se movimentam pouco durante o trajeto, e minimiza o ressecamento da pele e das mucosas pela baixa umidade do ar e a pressurização da cabine.
2. Movimente-se na poltrona
Para melhorar a circulação sanguínea, além de beber bastante água, é fundamental se movimentar. Sentado na poltrona é possível tirar os sapatos para aumentar o fluxo sanguíneo para os pés e, consequentemente, para o restante do corpo. Além de esticar as pernas, enquanto inspira, levante os calcanhares. Ao expirar, solte-os e levante os dedos dos pés. Balance para frente e para trás por cinco respirações, focando a atenção nesse vai e vem.
3. Alongue-se e caminhe
Levantar a cada três horas para caminhar pelo corredor do avião e fazer alongamento também é importante para evitar câimbras e o risco de trombose. Em pé, respire fundo e estique os braços para cima, como se fosse tocar o teto do avião. Se preferir, para ter onde se segurar, levante um braço de cada vez. Depois exale e traga o braço de volta. Repita por cinco vezes.
4. Mastigue e abra a boca
Durante pouso e decolagem, a mudança brusca de pressão atmosférica provoca um bloqueio temporário da audição e desconforto. Para não sentir o entupimento, vale mastigar chicletes e tentar bocejar para expandir os canais auditivos. No caso de crianças pequenas, as mães podem colocá-las para amamentar no peito, oferecer a mamadeira ou um copo de água.
5. Leve medicamentos
O forte ar-condicionado dentro da aeronave também pode provocar secura e coceira nas vias aéreas. Para lidar com esses sintomas e também hidratar os olhos é recomendado ter em mãos soro fisiológico em versão flaconete, que é pequena e pode ser descartada após o uso. Para o caso de ter febre ou dores de cabeça, também tenha em mãos um analgésico.
6. Controle as vontades
Os mesmos cuidados que você tem com sua alimentação no dia a dia devem ser seguidos também durante o voo. Se é diabético e tem problema de coração, evite refrigerante, gorduras e doces. Tem crise de ansiedade? Melhor deixar de lado o café. Quando estiver um pouco indisposto também evite consumir alimentos crus, embutidos, molhos e bebidas alcoólicas.
7. Exercite a respiração
Respirar lentamente antes e durante o voo ajuda a diminuir a tensão e melhorar o humor. Sentado na poltrona com a postura correta, foque em si mesmo, concentrando-se no ar que entra e sai dos pulmões. Inale bastante oxigênio e o solte devagar. Para sentir a respiração, coloque as mãos sobre o abdome ou tórax. Repita de três a cinco vezes. Antes de entrar no voo, você também pode baixar alguma meditação guiada que te ajude a relaxar, sem criar expectativas ou pressa para chegar.
8. Faça amizade
Conversar com o passageiro da poltrona ao lado também pode ser uma tática para se distrair e aliviar o nervosismo, ainda mais quando se viaja sozinho. Falar sobre a duração do percurso, o destino ou mesmo como você lida e reage com voos longos pode ajudá-lo a iniciar a conversa e até mesmo preparar a pessoa para te tranquilizar, caso o avião passe por uma turbulência.
9. Higienize as mãos
Parece exagero, mas no avião, que é um ambiente totalmente fechado e com muitas pessoas próximas umas das outras, as chances da transmissão e contágio por vírus, germes e bactérias responsáveis por gripes, conjuntivite e viroses intestinais são grandes. Por isso, de tempos em tempos, e principalmente, antes de comer e após usar os banheiros, lave as mãos.
10. Tente se distrair e dormir
Por mais difícil que seja, tente descansar. Depois da decolagem, incline o assento e teste algumas técnicas para pegar no sono, como assistir a um filme lento, ouvir uma playlist de músicas calmas e colocar fones de ouvido para não ouvir os barulhos do avião. Se estiver sentado próximo à janela, melhor ainda, pois não acordará toda vez que o vizinho for ao banheiro.
11. Invista no conforto
Travesseiro de pescoço, máscara para dormir e tampão de ouvidos são acessórios que cabem na bagagem de mão e deixam você mais confortável. Em relação às roupas, prefira as que facilitem a transpiração e não apertem demais no corpo para não causar retenção de líquidos e problemas de circulação. Outra dica é utilizar roupas que possam ser retiradas facilmente, como em camadas. As peças mais leves por baixo e as mais pesadas por cima.
Outra fonte consultada: Vivian Wolff, especialista em desenvolvimento humano e mindfulness pelo Integrated Coaching Institute.
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