"Acho que estou doente": nem sempre ir ao pronto-socorro é o melhor à saúde
Em tempos de coronavírus, não dá para brincar com a saúde e todo desconforto é um alerta para algo que pode estar errado no organismo. No entanto, não é por isso que, ao menor sintoma de dor, o melhor a fazer é correr para o PS (pronto-socorro).
No caso da covid-19, se você viajou para países com transmissão local nos últimos 14 dias e ficou doente com febre, tosse ou dificuldade de respirar, deve procurar atendimento médico imediatamente e informar detalhadamente o histórico de viagem recente e seus sintomas.
Atualmente, os países com transmissão local do coronavírus são: Alemanha, Austrália, Emirados Árabes, Filipinas, França, Irã, Itália, Malásia, Japão, Singapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja, além da China. O Ministério da Saúde orienta que, em caso de dúvida, a população pode buscar mais informações pela ouvidoria do SUS (136) ou pelo site saude.gov.br/coronavirus. Alguns planos de saúde também têm serviços de orientação e atendimento por aplicativos no celular ou pelo telefone, informe-se também sobre isso.
O ministério orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus.
Entre as medidas estão:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool, como álcool em gel.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
Não se desespere...
Em primeiro lugar, a quantidade de gente doente compartilhando a recepção do hospital já é um motivo para evitar o local sempre que possível. "Na maioria das vezes, ir à emergência não compensa a exposição ao ambiente contaminado, o tempo de espera e o estresse gerado pelo mau atendimento, que ocorre em muitos casos", destaca Paulo Olzon Monteiro da Silva, clínico geral da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Se expor a um ambiente assim quando você está com uma doença simples —resfriado, gripe comum, dor nas costas, de cabeça ou garganta, por exemplo— tende a fazer mais mal para sua saúde do que bem. Problemas como esses podem ser solucionados em casa, com repouso e medicamentos básicos, como analgésico e antitérmico. Mesmo assim, compõem grande parte das queixas que chegam ao PS. "É preciso ter bom senso e autoconhecimento para perceber os sinais do corpo e não se alarmar por pouco", indica Olzon.
Pronto-socorro não é lugar de consulta
Por cultura, falta de informação e falhas no sistema público de saúde, o brasileiro conta com a emergência como primeira opção de atendimento médico, mas nem sempre as queixas apresentadas são de fato urgências.
"Cerca de metade dos atendimentos no pronto-socorro são justificáveis", avalia o médico Jorge Luiz Nahás, chefe do serviço de emergência do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo. São pacientes que correm risco de morte ou, no mínimo, apresentam sintomas que suscitam dúvidas e podem ser investigados na emergência ou encaminhados para um especialista.
A outra metade se divide, grosso modo, entre quem deveria, na verdade, marcar uma consulta individual e mais detalhada, se recuperar em casa e pessoas que procuram o serviço apenas para conseguir atestado médico ou renovar receitas de medicamentos. "Ocorrências como essas sobrecarregam o atendimento e acabam representando um gargalo para o acolhimento adequado e no tempo certo do que é emergência mesmo", resume Nahás.
Ele destaca que, muitas vezes, a longa fila de espera do PS por causa de pessoas que não precisariam estar ali pode colocar em risco a saúde de outros pacientes. "Em casos de infecções graves, por exemplo, cada hora de atraso para ser atendido pode aumentar em 10% o risco de morte", alerta Nahás.
Doenças como acidente vascular cerebral (AVC) e infarto também têm a chamada "hora de ouro", que é o intervalo de tempo em que a assistência médica correta faz toda a diferença para evitar complicações, sequelas graves e até a morte.
Pacientes com doenças já instaladas ou sintomas persistentes devem procurar um especialista para investigar e tratar as queixas, não recorrer ao pronto-socorro. "O profissional da emergência é treinado para afastar a gravidade dos casos que chegam para atendimento, não para fazer o diagnóstico", observa Fátima Dumas Cintra, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Por exemplo, se um paciente dá entrada com dor no peito, a tarefa do médico é se certificar de que não é um ataque cardíaco (já que o sintoma pode indicar apenas uma dor muscular ou até gases), e não diagnosticar uma doença coronariana. Por outro lado, se alguém chega com dor no peito e informa que é portador de doença cardíaca, a equipe da emergência precisa agir rapidamente na prestação de socorro adequado ou encaminhamento para internação.
Você deve ir ao pronto-socorro em caso de:
- Acidente com fratura ou perda de consciência;
- Picada por animais peçonhentos (cobra, aranha, escorpião);
- Queimadura ou corte grave;
- Dores agudas, desconhecidas e insuportáveis;
- Dor torácica aguda;
- Arritmia cardíaca;
- Febre acima de 39ºC que não cede com antitérmicos em até 48 horas ou se vier acompanhada de outros sintomas, como vômito, tosse, dor de cabeça forte ou sensação de desmaio;
- Perda súbita de sentidos (consciência, visão, audição) ou de força;
- Intoxicação alimentar ou por medicamento;
- Reação alérgica por alimento ou produto;
- Convulsão.
Não precisa ir imediatamente ao pronto-socorro em caso de:
- Dor de garganta, de cabeça, nas costas, de estômago;
- Gripe comum e resfriado;
- Febre que começou há menos de 24 horas;
- Diarreia que se iniciou há menos de 24 horas;
- Doenças respiratórias (rinite, sinusite, asma);
- Queda ou pancada na cabeça, se não houver ferimento nem alteração nos sentidos (observar sintomas nas primeiras 48 horas);
- Dores crônicas (que se repetem dia a pós dia) --nesse caso, você deve se consultar com um especialista.
*Com informações de reportagem do dia 15/03/2018.
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