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Diabetes pode causar doença renal; alimentação ajuda a tratar e prevenir

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Bárbara Therrie

Colaboração para o VivaBem

12/03/2021 04h00

Você sabia que, se descompensado, o diabetes pode afetar os rins? O alto nível de açúcar faz com que estes órgãos, que funcionam como uma peneira, filtrem muito sangue e fiquem sobrecarregados. Com o tempo e o excesso de resíduos no sangue, os rins perdem a capacidade de filtragem e começam a falhar.

Esse descontrole do diabetes pode levar a uma lesão renal, chamada de nefropatia diabética, que representa a principal causa de entrada em diálise na maioria dos países ocidentais, sendo que 90% dos pacientes diabéticos iniciando diálise são do tipo 2. No Brasil, conforme o último senso das diálises realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, o diabetes é a segunda maior causa de doença renal crônica em fase terminal, ficando atrás da hipertensão (32% versus 34%).

A alimentação é parte importante do tratamento tanto do diabetes como da doença renal. De forma geral, ela deve ser individualizada, respeitando a necessidade nutricional de cada pessoa. Quando os rins não funcionam, substâncias como potássio, fósforo, sódio e água vão se acumulando no sangue. A maior quantidade destas substâncias pode causar problemas no organismo e prejudicar o tratamento.

A seguir, veja alguns cuidados na dieta para quem tem as duas doenças. Vale ressaltar que algumas orientações valem somente para quem tem doença renal e outras para quem tem diabetes. Se você suspeitar que tem um desequilíbrio eletrolítico, converse com seu médico. Existem exames para detectar esses desequilíbrios e tratamentos específicos. Além disso, procure orientação nutricional para adequar sua alimentação de acordo com suas necessidades.

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Uma manga palmer inteira oferece 785 miligramas de potássio
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Potássio

O potássio é um nutriente importante para o nosso organismo, mas com a função de filtragem dos rins prejudicada, ele pode ficar elevado na corrente sanguínea e trazer prejuízos à saúde —alguns sintomas incluem dor no peito, alteração dos batimentos cardíacos, sensação de dormência ou formigamento e fraqueza muscular.

Uma dica para reduzir a quantidade de potássio é cortar os alimentos crus em pedaços, colocar para cozinhar durante 10 minutos, rejeitando a água da primeira fervura. Por fim, colocar os alimentos em uma nova água, já a ferver, para terminar o processo.

O mineral está amplamente distribuído em frutas, como manga, banana, uva, laranja, abacate, goiaba, mamão, jaca, graviola, açaí. Também está presente em grãos (feijão, ervilha, grão-de-bico, soja), em oleaginosas (nozes, avelã, amendoim, amêndoa, castanhas), em sal dietéticos ou light, chocolate e café solúvel.

Fósforo

O fósforo é outro mineral que deve ser controlado em pessoas com doença renal crônica. Seu excesso no sangue pode causar sintomas como coceira intensa, dores ósseas, fragilidade dos ossos com possibilidade de fraturas ou deformidades. Altos níveis de fósforo também estão relacionados com arteriosclerose (enrijecimento das artérias), doença cardiovascular, acidentes vasculares cerebrais e má circulação.

Os alimentos que mais contém fósforo e que podem ser eliminados da alimentação de qualquer pessoa, não somente de pacientes com doença renal e diabetes, são os alimentos muito processados/industrializados, como é o caso dos embutidos, achocolatados, sopas de pacote, macarrão instantâneo, sucos em pó, suco de caixinha, refrigerantes a base de cola. No caso das bebidas, o ideal é sempre escolher algo mais natural para ingerir, como água ou suco natural com frutas pobres em potássio (como limão, abacaxi, morango).

Proteínas

Pacientes em tratamento conservador dos rins devem fazer controle no consumo de proteínas para não haver sobrecarga. A quantidade a ser prescrita deve ser. No geral, não se deve comer em excesso, principalmente, alimentos de origem animal.

A falta de proteínas no organismo pode levar à desnutrição e causar complicações, deixando o corpo mais fraco e com maior risco de infecção. Por esse motivo, não deve ser realizada uma dieta restritiva, mas sim adequada em proteínas para a pessoa com doença renal.

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É recomendada uma ingestão de sódio de 2.000 a 2.300 mg/dia (5 g a 6 g de sal), cerca de metade do sal ingerido pela população brasileira
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Sódio

A maioria dos pacientes com doença nos rins é sensível ao sal, de modo que a elevada ingestão de sódio resulta em aumento da pressão arterial e pode piorar a função renal. Dessa forma, a restrição moderada de sódio é benéfica para controlar a hipertensão e evitar a retenção hídrica. Além disso, o excesso de sódio pode aumentar o inchaço corporal e é um fator de risco para doenças cardiovasculares.

É recomendada uma ingestão de sódio de 2.000 a 2.300 mg/dia (5 g a 6 g de sal), cerca de metade do sal ingerido pela população brasileira. Em geral, para que que essa média de consumo seja alcançada, as pessoas devem ser orientadas a reduzir pela metade o sal que utilizam no preparo dos alimentos, além de evitar ou não consumir temperos industrializados, como caldo de carne, molho de soja, molho inglês; embutidos como salsicha, linguiça, mortadela, presunto, salame; conservas e enlatados; carnes salgadas, como charque, carne-seca, defumados e hambúrguer industrializados; alimentos industrializados e desidratados, como sopas e massas.

Açúcar

Pessoas com diabetes devem evitar alimentos ricos em açúcar para evitar hiperglicemia e futuras complicações do não controle da doença. Entre esses produtos, estão bebidas doces como refrigerantes, sucos em pó e de caixinha, industrializados adoçados com sacarose. É indicado adaptar receitas, usar frutas bem maduras como sobremesas e adoçantes naturais, como estevia e xilitol.

Alimentos processados

Os alimentos processados são ricos em sódio, gordura saturada e açúcar e, dessa forma, devem ter sua ingestão controlada pelas pessoas com diabetes. A maior parte desses nutrientes em excesso pode prejudicar o controle glicêmico e a saúde dos rins. Entram nessa lista as carnes processadas, barras de cereal ou cereal matinal, refeições prontas, como lasanha, pizza e shakes para substituir refeições.

Farinhas

A farinha branca pertence ao grupo dos carboidratos e, como qualquer carboidrato, é preconizado dentro da terapia nutricional da pessoa com diabetes que a quantidade ingerida seja controlada. A farinha branca é facilmente digerida em açúcar, por essa razão, pacientes com diabetes devem preferir farinhas integrais, fontes de fibras, vitaminas e minerais. É uma escolha mais saudável tanto para quem tem diabetes como para quem não tem.

Gorduras

As gorduras insaturadas presentes no óleo de oliva e as poli-insaturadas, nos peixes, por exemplo, são bem-vindas na alimentação das pessoas com diabetes e doença renal, desde que adequadas em quantidades individualizadas prescritas pelo nutricionista. As gorduras saudáveis ajudam a combater doenças, como as cardíacas.

Fontes: Tarcila Beatriz Ferraz de Campos, nutricionista do IBTED (Instituto Brasileiro de Tecnologia e Educação em Diabetes), vice-coordenadora do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes; Jyana Gomes Morais Campos, nutricionista especialista, mestre e doutoranda em ciências da saúde com ênfase em nutrição em nefrologia, e coordenadora do Setor de Nutrição da Fundação Pró-Rim.