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ANÁLISE

Fifa arrisca estragar início da Copa ao acabar com 'rodada roleta-russa'

Havertz lamenta eliminação da Alemanha na Copa do Mundo - Ercin Erturk/Anadolu Agency via Getty Images
Havertz lamenta eliminação da Alemanha na Copa do Mundo Imagem: Ercin Erturk/Anadolu Agency via Getty Images

Colunista do UOL em Doha (QAT)

02/12/2022 06h58Atualizada em 02/12/2022 11h15

As rodadas finais da fase de grupos da Copa do Qatar-2022 têm se revelado disputadas, emocionantes, surpreendentes. No Grupo E, cada um dos quatro times esteve classificado em algum momento dos dois jogos derradeiros em combinações diferentes. E isso se repete em outros grupos com total de 27 times disputando vagas no final.

Pois bem, a Copa do Mundo vai mudar para a próxima edição nos EUA, México e Canadá. O número de equipes vai saltar de 32 para 48 e consequentemente, a fórmula de disputa inicial tem que mudar. A maior possibilidade são 16 grupos de 3, formato aprovado, mas há ainda a chance de termos grupos de quatro com mais classificados.

No primeiro caso, com três times, seriam dois classificados por grupo para chegar a 32 que jogariam um mata-mata. Esse é o formato inicialmente previsto pela Fifa. Neste caso, as grandes seleções teriam enorme probabilidade de se classificarem, eliminando surpresas como a Alemanha e a Bélgica fora, o que já ocorreu em outros Mundiais.

Ainda abre chance de armação no último jogo, como já ocorreu em 1974. Ou seja, dois times poderiam combinar um empate que lhes interessa na última rodada para eliminar a outra equipe.

Na hipótese do grupo de quatro, seriam mais classificados além dos dois times, com a inclusão de terceiros colocados em alguns. E lembremos que o nível será mais baixo pois haverá 16 seleções extras.

O site "The Athletic" ainda informou que a Fifa estuda uma disputa de pênaltis para gerar um ponto extra e desempatar em casos de igualdade. Mais ou menos como já se viu, bizarramente, no Brasileiro no passado. Era uma ideia ruim, e deu errado.

Todas essas ideias soam bem piores da fórmula simples e eficaz que temos atualmente, oito grupos, 16 classificados. A melhoria técnica de times da Ásia, África e América do Norte proporcionou que a fase de grupos finalmente atingisse seu ápice nas últimas edições com favoritos sempre no limite para se classificarem.

Há o argumento de que, se times não tradicionais cresceram, outras equipes podem também se superar e proporcionar confrontos interessantes. Mas nada indica que já existam 48 seleções com nível para gerar disputas com excesso de vagas na fase de grupos.

Será uma decepção para quem ficou grudado na TV para assistir Bélgica x Croácia com uma vaga decidida pelos gols perdidos de Lukaku ou prestou atenção a tentativa desesperada do México de se classificar (infrutífera). Resta torcer para que, pelo menos, a Fifa não estrague tanto o início da Copa só pelo dinheiro proporcionado pela realização de mais jogos.