6 nutrientes de que seu filho precisa para crescer de maneira saudável
Quem tem criança em casa sabe que a tarefa de ensinar bons hábitos alimentares para os pequenos não é das mais fáceis. São refeições e mais refeições nas quais os pais precisam apresentar uma boa variedade de frutas, legumes, verduras, cereais e outras opções para treinar o paladar infantil, criar oportunidades para conhecer novos sabores e, claro, garantir um bom aporte de nutrientes para que a criança cresça de forma saudável e desenvolva uma boa imunidade.
Essa jornada começa assim que a criança nasce e passa a ser alimentada com o leite materno, um alimento de sabor levemente adocicado que possui nutrientes e anticorpos fundamentais para o início da vida desse bebê. Além de fortalecer a imunidade, o leite também ajuda no crescimento do sistema nervoso central, fornece cálcio para os ossos e fortalece o trato gastrointestinal, conforme explica a pediatra Martha Maria Ferraz de Mattos, do Hospital Sírio-Libanês.
Mas é a partir dos seis meses que a brincadeira fica mais complexa, quando são introduzidos os alimentos sólidos na dieta do bebê. É o momento então de oferecer uma grande variedade de alimentos para que a criança possa experimentar sabores, texturas e formas diferentes de preparo. Além disso, é o momento de detectar também possíveis alergias alimentares, explica a endocrinologista pediátrica Gabriela Kraemer, do Hospital Infantil Pequeno Príncipe, de Curitiba.
Quanto mais variada for essa alimentação, maiores as chances de que a criança desenvolver um paladar que aceite e prefira a chamada "comida de verdade" no lugar dos ultraprocessados como salgadinhos, bolachas e outras guloseimas com muitos aditivos químicos. Alimentos in natura, aliás, são a melhor forma obter os nutrientes que o corpo precisa, já que há compostos bioativos que facilitam sua absorção, de acordo com a nutricionista Diana Maia, da UEPA (Universidade Estadual do Pará).
Mas é importante ficar de olho para garantir que as crianças tenham uma ingestão de alguns nutrientes considerados fundamentais para o bom desenvolvimento delas. São eles:
1. Proteínas
Importante pois participa da construção, do fortalecimento e da manutenção de ossos e tecidos. Está presente em alimentos de origem animal, como carnes e peixes, além do leite e derivados (queijos e iogurtes); e também em alimentos de origem vegetal, como grão-de-bico, feijão, lentilha, ervilha e castanhas.
2. Ferro
Importante para o desenvolvimento cognitivo, auxilia em funções de atenção e memória (o que tem impacto direto na aprendizagem), além de prevenir a anemia, uma doença bastante comum na infância. Pode ser encontrado em carnes, vegetais de folha verde-escura (como couve, brócolis, e espinafre) e leguminosas como o feijão. Dica: uma gotinha de laranja ou de outra fonte de vitamina C nesses alimentos ajuda na absorção do ferro pelo corpo.
3. Zinco
Auxilia no metabolismo e no crescimento da criança, ajudando na formação dos ossos, e também no fortalecimento do sistema imunológico. Pode ser encontrado em alguns cortes de carne vermelha, como fígado e contrafilé; em sementes, como a linhaça; e em castanhas.
4. Vitamina C
Com propriedades antioxidantes, a vitamina C auxilia a absorção de ferro, na síntese de colágeno e no fortalecimento do sistema imunológico. Também participa no metabolismo de gorduras e proteínas no organismo. As fontes principais são as frutas cítricas, como laranja, limão, acerola e tangerina; morango; e também em alguns vegetais, como brócolis e couve.
5. Vitamina D
É fundamental para a absorção de cálcio, o que vai impactar na formação e desenvolvimento ósseo da criança. A vitamina D pode ser encontrada na gema do ovo, em peixes como atum e sardinha, e no fígado. Mas a fonte principal é a síntese feita no próprio organismo e, por isso, é importante que a criança tome sol para que a produção seja estimulada. Para garantir o aporte necessário do nutriente, a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) também recomenda a suplementação desde a primeira semana de vida do bebê (o que deve ser feito apenas sob orientação médica).
6. Vitaminas do complexo B
Atuam na regulação do sistema nervoso, no metabolismo de carboidratos e gorduras, e ainda na cicatrização e na saúde da pele e dos cabelos. Essas vitaminas podem ser encontradas em carnes, frutos do mar, ovos, leite, aveia e castanha-do-pará.
E os carboidratos?
De acordo com o pediatra Claudio Schvartsman, do Hospital Israelita Albert Einstein, a comida deve ter preferencialmente carboidratos complexos (como arroz integral, batata-doce, inhame e aveia), que possuem mais fibras e são considerados mais nutritivos.
Farinhas enriquecidas, biscoitos e bolos, entre outras fontes de carboidratos de baixa qualidade, devem ser evitados. "Eles são absorvidos rapidamente e levam a picos de insulina nocivos ao corpo", alerta o especialista. O açúcar é contraindicado até os dois anos e, após esse período, recomenda-se permitir o consumo de forma moderada.
Paladar em formação
Assim que começa a comer, a criança precisa entender conceitos importantes para a construção do paladar, como a variação de textura e a mastigação. Comer uma banana amassada, por exemplo, é diferente de sugar o leite. Assim, num primeiro momento, é comum que ela estranhe e até se recuse a comer, apenas manipulando o alimento.
Isso não quer dizer que ela não tenha gostado —ao contrário, faz parte do processo normal de exploração. Por isso, os especialistas recomendam que um mesmo alimento deve ser oferecido 20 vezes em dias diferentes e em situações distintas. Acredite: essa insistência pode ampliar o repertório alimentar do seu filho no futuro. E, para economizar, vale ir a feiras livres e investir em alimentos da estação, que costumam ter preços mais acessíveis.
Vale dizer ainda que a criação de bons hábitos alimentares também passa por aspectos psicológicos. Obrigar a criança a comer um prato cheio cria uma relação negativa, como se comer fosse uma punição, que pode impulsionar na vida adulta quadros de obesidade e até transtornos alimentares.
Nesse sentido, a nutricionista Fernanda Rabelo, do Hospital Infantil Sabará, orienta que o momento das refeições deve ter um ambiente tranquilo e sem cobranças, sem castigos ou imposições. Sempre que possível, é importante também que a família se sente junto à mesa, e que televisão e outros eletrônicos sejam desligados.
E, se os responsáveis notarem alguma dificuldade ou aversão a algum grupo alimentar, é importante buscar orientação especializada (com o pediatra ou nutricionista) para entender qual a melhor conduta a ser tomada.
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