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Quem tem artrite deve mudar a alimentação? Veja o que consumir ou evitar

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Imagem: iStock

Samantha Cerquetani

Colaboração para o VivaBem

23/09/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Não existe dieta específica para a doença, mas alguns alimentos controlam inflamação e podem ajudar, apesar de não tratarem de forma isolada
  • Pessoas com artrite devem ficar de olho no peso e ter uma dieta balanceada
  • Alimentos como azeite, gengibre, cebola e alho são recomendados; já açúcar, sal e carne vermelha devem ser consumidos com moderação

Receber um diagnóstico de uma doença crônica pode ser bastante assustador, mas com o tempo a pessoa vai aprendendo a lidar com os sintomas e a realizar mudanças nos hábitos, quando for necessário. É o caso de quem vive com artrite, um problema de saúde que provoca inflamações nas articulações.

Não existe uma dieta específica para quem tem artrite, no entanto, os especialistas consultados por VivaBem reforçam a importância de optar por alimentos que não provoquem um processo inflamatório no organismo.

Segundo Levi Jales Neto, reumatologista do Hospital São Camilo, nenhum alimento consumido de forma isolada terá efeito contra a doença. Porém, alguns são fontes de antioxidantes e regulam o processo inflamatório sistêmico. "Existem aqueles que estimulam a inflamação e outros que protegem contra o problema", diz.

A pessoa com artrite precisa seguir um acompanhamento com diversos profissionais como nutricionistas e reumatologistas para seguir o tratamento adequado e ter uma alimentação balanceada em todas as refeições. "Para não ter erro, o ideal é realizar uma reeducação alimentar e investir sempre em frutas, verduras e hortaliças, enriquecendo a alimentação com fibras", explica Emilly dos Santos, nutricionista da AmorSaúde, rede de clínicas parceira do Cartão de TODOS, de João Pessoa (PB).

Peso deve ser controlado

Além de optar por alimentos saudáveis e com propriedades anti-inflamatórias, pessoas com artrite precisam ficar de olho na balança. É o que destaca um estudo realizado pelo Colégio Americano de Reumatologia: a obesidade prejudica ainda mais quem tem artrite reumatoide, ao limitar os movimentos.

Além disso, de acordo com Fábio Trujilho, endocrinologista e diretor da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), uma das causas da artrite é a obesidade, já que desencadeia inflamação no organismo. Por isso, é fundamental ter uma dieta equilibrada. "O peso em excesso contribui para um maior risco do desenvolvimento de artrite reumatoide. A obesidade também agrava a osteoartrite, por meio da carga excessiva nas articulações", completa.

Vale destacar que há diversos tipos de artrite, mas as mais comuns são a reumatoide, uma doença autoimune, e a osteoartrite, que causa uma degeneração da cartilagem articular.

A seguir, veja detalhes do que consumir ou evitar para diminuir os sintomas da doença.

O que consumir

abacate - iStock - iStock
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Abacate

A fruta é fonte de gorduras "boas" e reduz a inflamação sistêmica do organismo. O abacate possui propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que exercem um papel importante em uma alimentação saudável.

couve - iStock - iStock
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Couve e espinafre

Por ser fonte de vitaminas e cálcio, a couve é um alimento recomendado na alimentação de pessoas com doenças articulares crônicas. Já o espinafre contém antioxidantes que podem aliviar a inflamação.

Azeite de oliva - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto
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Azeite extravirgem

Uma pesquisa apontou que o azeite extravirgem contém uma substância anti-inflamatória natural. Sendo assim, diminui a atividade de enzimas que causam inflamação e dores. O consumo regular é benéfico para quem sente desconfortos nas articulações.

Castanha-do-pará - iStock - iStock
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Oleaginosas

Fontes de ômega 3, as oleaginosas como nozes, amêndoas, castanha-do-pará aliviam os sintomas de artrite e outras inflamações no organismo. No entanto, apesar do benefício, o ideal é consumir com moderação, pois são considerados alimentos calóricos e, em excesso, podem contribuir com o ganho de peso.

Morango no liquidificador - iStock - iStock
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Frutas vermelhas

Incluir frutas como morango, cereja, mirtilo e framboesa na dieta reduz o processo inflamatório do corpo. Esses alimentos contêm antocianina, responsável pela cor vibrante das frutas e por oferecer propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

Dieta Mind 3 salmão - iStock - iStock
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Peixes "gordos"

Consumir com mais frequência peixes considerados "gordos", como salmão, sardinha e truta, é bastante benéfico para quem tem artrite. Esses alimentos possuem ômega 3, o que contribui para a redução da inflamação tecidual. Além disso, são fontes de proteína, contribuindo para a formação muscular, essencial para a função da articulação.

Cortar cebola: uma tarefa simples que pode gerar lágrimas - Andrey Mitrofanov/Getty Images/iStockphoto - Andrey Mitrofanov/Getty Images/iStockphoto
Imagem: Andrey Mitrofanov/Getty Images/iStockphoto

Cebola e alho

Temperos simples do dia a dia como a cebola e o alho possuem um antioxidante chamado quercetina, que alivia as dores das inflamações. O consumo regular contribui com a eliminação dos radicais livres, associados a processos inflamatórios como artrite.

Gengibre ralado e em fatias - iStock - iStock
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Gengibre

Conhecido por possuir propriedades anti-inflamatórias, o gengibre é um alimento que pode reduzir a dor de quem a doença. Esse benefício ocorre por conta da presença do gingerol, que diminui a inflamação no corpo.

Um estudo realizado com pessoas com osteoartrite no joelho apontou que o extrato de gengibre reduziu os desconfortos provocados pela enfermidade.

Melhor evitar

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Álcool

As bebidas alcoólicas são diuréticas, causando desidratação. Isso provoca fraqueza muscular e rigidez das articulações. Também agrava os quadros de insônia e aumenta a fadiga em pessoas já debilitadas pela artrite.

refrigerante; açúcar - iStock - iStock
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Açúcar

Limitar o consumo do açúcar é fundamental para diminuir as inflamações do organismo. O excesso dele aumenta a resistência à insulina, o peso e a porcentagem de gordura. Todos esses fatores contribuem com a obesidade e piora do quadro de quem já tem a doença.

Sempre que possível, passe longe de bebidas açucaradas como refrigerantes, doces refinados e itens industrializados como biscoitos e bolos prontos. Um estudo realizado com mais de 200 mil mulheres mostrou que aquelas que ingeriam mais bebidas açucaradas estavam mais propensas a desenvolver artrite reumatoide.

O tipo de sal influencia na quantidade a ser colocada na carne - Westend61/Getty Images - Westend61/Getty Images
Imagem: Westend61/Getty Images

Sal

Diminuir o sal é uma boa opção para pessoas com artrite. Em excesso, piora os sintomas, já que aumenta a retenção hídrica e compromete as articulações.

Um estudo, que contou com a participação de mais de 18 mil pessoas, mostrou que o consumo em excesso de sal aumentava o risco de artrite reumatoide.

Além do sal de mesa, evite produtos enlatados, sopas, temperos e caldos industrializados, que são ricos em sódio.

fast food, pessoa comendo hamburguer - iStock - iStock
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Alimentos ultraprocessados

Consumir regularmente alimentos ultraprocessados como fast-food, salgadinhos e batata frita pode agravar os sintomas de quem tem artrite. Isso porque eles contêm excesso de açúcar, aditivos e conservantes que aumentam as inflamações.

Cortes de carne - BURCU ATALAY TANKUT/Getty Images - BURCU ATALAY TANKUT/Getty Images
Imagem: BURCU ATALAY TANKUT/Getty Images

Carne vermelha

Em excesso, a carne vermelha aumenta o ácido úrico no sangue, que é a origem de uma artrite clássica chamada gota. O alimento aumenta também a ferritina, uma proteína produzida pelo fígado, que é responsável pelo armazenamento do ferro no organismo. Isso pode causar danos articulares.

Além disso, em excesso, o alimento altera as taxas de colesterol "ruim" (LDL), contribuindo para a síndrome metabólica, que está associada a uma maior persistência da dor em doenças degenerativas e inflamatórias. Orientações do WCRF (World Cancer Research Fund) e do Inca (Instituto Nacional de Câncer) sugerem limitar o consumo de carne vermelha (cozida) a 500 gramas por semana —o que representa cerca de cinco bifes, preferencialmente preparados no vapor, ensopados, guisados, assados ou "grelhados" sem óleo.